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Halloween e o Culto aos Antepassados

Para muitos os antepassados não passam de assombrações, fantasmas, alma do outro mundo, assunto que é melhor nem tocar, “é melhor deixar os mortos em seu lugar e vamos continuar a viver”.

O culto aos antepassados tem uma força que não se rompe, pois temos uma linhagem que vem do grande espírito , uma árvore genealógica , pois para tudo existe um princípio ,não estamos soltos, sós ou à toa no Universo.

Quando reverenciamos os ancestrais, mantemos uma troca de experiências e de energias, mesmo sem ouvir, ver ou sentir, a sua sabedoria existe!

Nós é que somos limitados ao ponto de ignorarmos algo tão sagrado , que foi o começo de nossa existência , onde estão as raízes de nossos propósitos e, se podemos nos deparar com esta energia primordial , sentimos uma saudade, um amor, um acalanto , algo muito bom como se , em algum lugar, alguém estivesse olhando por nós, nossa alma se acalma e ficamos em paz com a sensação do passado no presente e, quase tocar a Deus com o estado de espírito elevado, uma sensação de leveza e purificação.

Mas tudo isto fica muito distante nos dias de hoje , a razão cobra uma posição mais lógica, acreditando que tudo passa. Só que no plano dos espíritos nada passa e os ancestrais esperam pela época do Halloween para um momento mágico, uma permissão para que os véus entre mundos se abram através do Rito e possam estabelecer um contato e amenizar as saudades de ambos os lados.

Neste Rito são celebrados com danças, fogo e oferendas, para aproximar os mundo que são paralelos, um de energias mais densas(matéria) outro menos densa (espiritual), nesta troca ambos continuam sua evolução. Portanto, torcer o nariz para com os que já se foram e deixaram o mundo que herdamos, por que já não pertencem a ele , chega a ser um “pecado”, da ingratidão.

O culto aos antepassados é um dos Ritos que mais prezamos na bruxaria, nele damos graças a herança legada por eles a nós. Mas não apenas a religião Wicca cultua seus antepassados, característica comum às religiões primordiais naturais, tendo muitas semelhança mesmo em culturas que não tiveram , que se saiba, contato umas com as outras.

Chamamos de religiões naturais àquelas em que as manifestações religiosas e os cultos que vem de um contato direto com o plano que transmite os ritos e dogmas. Estes contatos, normalmente, se davam em sonhos ou em estados alterados de consciência; diferente das religiões ditadas pelos grandes mestres mescladas com os matizes culturais e valores de suas culturas , as religiões naturais acabaram desenvolvendo uma uniformidade em culturas muito diversas e se expandiram sem catequese, conversão, Inquisição ou guerras religiosas, mas de forma espontânea em qualquer mente , numa busca sincera pela verdade, em os limites preconceituosos de um cultura, sem a necessidade de líderes carismáticos, de mártires, mas por traduzirem verdades Universais acabavam infundindo respeito.

Um dos fatores mais fortes nestas religiões era o culto aos ancestrais e, o princípio por detrás deste culto é o seguinte: todos sabem que a religião ajuda a congregar as pessoas para o bem comum , movida pelos mesmos ideais e valores. Porém , se uma religião começa a ficar dogmática, teórica e com valores, louváveis mais inatingíveis dentro de um padrão mediano , os seus valores começam a ser tratados de modo hipócrita, do tipo, “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, aí vira uma mera formalidade cultural , praticada com um toque de descrença e seus mártires são ideais tão inatingíveis que não chegam a ser exemplo.

Nas culturas de cunho xamânico, natural, como no caso da Celta, o vínculo com os antepassados era uma coluna mestra da religião , estes eram o símbolo do esforço do ser humano em se aproximar do ideal divino e, o resultado disto era um grande cuidado com o tipo de vida que se levava, para que pudesse ser lembrado após a morte.

Entre os Celtas o funeral era acompanhado por um druida que, em versos declamava os feitos do falecido, lamentando sua falta e, a cada ano este ritual era repetido. Desta forma , as pessoas , ao invés de terem como principal preocupação o legado de um patrimônio material aos seus filhos ou à comunidade, se preocupavam em ter uma vida digna e sábia , em realizar grandes feitos e terem uma atitude heróica diante da vida, pois sua maior preocupação não era a morte, já que acreditavam na imortalidade da alma, mas temiam sim a Segunda morte, a do Esquecimento.

Eles acreditavam, também, que tendo uma alma imortal , poderiam continuar atuando e auxiliando os vivos do plano em que estivessem e, quanto mais viva a memória deles nos vivos, quanto mais próximos, mas forte suas influências no plano físico, a propósito disto eram feitas oferendas de alimentos dos quais os espíritos retiravam energias que, em cada cultura recebia um nome , aka, ki, prana etc. , que lhes permitia causar efeitos físicos.

Embora , para as pessoas cultas de nossa civilização pareçam crendices estas idéias em suas culturas tiveram uma repercussão positiva que não se pode negar ou subestimar. Pelo sentimento de eternidade conferido pelo culto aos antepassados o indivíduo adquiria uma sensação de importância e de relevância de sua existência perante o grupo, trazia um sentimento de que seria lembrado e de que, todo esforço feito em direção à sua evolução serviria de exemplo às gerações vindouras. Cada indivíduo, sentindo-se valorizado, sabia valorizar, também, tudo o que fosse valorizado pela sua cultura, então a árvore plantada pelo ancestral era preservada e reverenciada como totem, uma fonte onde houve uma cura, um sítio onde foi vencida uma batalha e assim por diante.

Hoje podemos considerar atrasados povos que carregam consigo os ossos de seus antepassados, ou os índios que guerreavam contra quem profanasse seus cemitérios , dizendo que são povos apegados à matéria , até que, olhando para o próprio “umbigo” de nossa cultura vemos o que fizemos e passarmos então a refletir imparcialmente sobre nossos valores.

Muito dos valores que, hoje , reclamamos ausentes em nossa cultura decorrem da falta de exemplo, de honra, de dignidade e um constante sentimento de efemeridade. Nos noticiários as morte são números, nos relacionamentos as uniões efêmeras, parece que ninguém faz faltas , que tudo é descartável , inclusive as pessoas.

A repercussão disto num nível pessoal é aniquilante, para quê fazer qualquer esforço em realizar algo de relevante, se no fim da na mesma? É melhor cada qual garantir o seu , aproveitar o que der , tirar vantagem e ser esperto. Não existe um incentivo a que se realize grandes obras, o incentivo é para que se enriqueça , ter coisas e algum prestígio em vida. Num nível social, as conseqüências são mais drásticas, as culturas que mantinham culto aos mortos legaram obras culturais e monumentos imortais, nossas construções são efêmeras realizadas com materiais pobres, sem planejamento urbanístico, para que, findo o tempo de notoriedade de um político outro venha, derrube e construa outro em seu nome. Até o culto aos mortos nascido na cultura Celta (origem dos povos Europeus), hoje é usado como pretexto de festa à fantasia, O Halloween é um dos momentos mais sagrados da religião Wicca, possibilitando um contato com nossos entes queridos e acreditamos que um povo sem passado , não tem um presente sólido.

E qual a importância hoje de um culto aos antepassados?
Resgatar a dignidade do povos Resgate de manifestações tradicionais de cultura e religião Reflexão sobre nossa história Valorizar as grandes obras Exemplos para posteridade.
E qual o valor dos ancestrais em nossas vidas?
É um pouco complicado falar em ancestrais numa cultura em que o novo é super valorizados, onde a moda suplanta as tradições e onde os valores são flexíveis demais , também é certo que a tradição e valores rígidos demais podem prejudicar a evolução de um cultura , mas ultimamente estamos passando para um perigoso extremo oposto, ou seja um descaso total das tradições.

Ainda, temos a dificuldade em pensar num culto ancestral, quando ao lembrarmos de nossos ancestrais mais diretos ,e em suas vidas não encontramos nada de meritório, relevante ou digno., pois há muito ,que o ser humano não vem se preocupando em deixar uma marca positiva de sua passagem pela vida. Assim , quando falamos em culto ancestral , fica mais fácil situá-los de uma forma mais genérica , pelo conjunto da obra e por nossas vidas.

Não podemos esquecer , que pessoas antes de nós desenvolveram a escrita, a ciência , os conceitos filosóficos, a tecnologia, a estrutura política e tudo o mais que vivemos, e que, bem ou mal , povos inteiros estiveram envolvidos nestas tentativas e erros para que, hoje ,tenhamos a vida que temos; houve erros e acertos, de modo que ao cultuarmos antepassados estamos expressando nossa gratidão por todas as facilidades que temos e , inclusive nossas vidas.

Mesmo relembrando os erros podemos reverenciar o antepassados, a Humanidade teria evoluído muito se houvesse tanto num nível pessoal como coletivo, o hábito de refletirmos sobre os erros e , esta reflexão ,deve ser seguida de uma tomada de posição ,de responsabilidade, para dar prosseguimento a senda evolutiva, pois não há melhor forma de reverenciarmos antepassados do que melhorarmos suas obras, extinguindo seus erros para que as conseqüências não recaiam sobre as próximas gerações.

Desta forma , quando comemoramos o Halloween , temos uma oportunidade excepcional de resgatarmos este elo , e pensarmos no que deixaremos aos nossos filhos.

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