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Depressão e as dores da Alma

No começo vem a sensação de vazio, não importa o que esteja ocorrendo externamente, a tristeza vem dos recônditos da alma ,invade é seguida de desânimo, falta de motivação, de vontade. Neste ponto unas se fecham no quarto, no seu mundo; outros realizam as tarefas de forma autômata, sem gosto. As coisas boas, que, por ventura estejam ocorrendo, não são computadas, as ruins são mais bem percebidas, pois justificam o estado mórbido; aí começam a ficar recorrentes pensamentos de morte, de auto-destruição, de desvalor, desesperança e falta de fé.

Falta o gosto pela vida. Até que ponto estamos fazendo o que gostamos, o que queremos? Será que estamos no caminho certo? Estamos expressando o que é o anseio da alma, ou fazemos coisas para agradar e ocupar o tempo, estamos numa senda para ajudar alguém que queremos bem?Há alegria, há “tesão”?

Será que sempre se viveu no vazio e nem se deu conta?Existe uma dor, um esquecimento ou melancolia inexplicáveis?

O processo de ir ao fundo do poço pode não ter volta, pode ir e voltar, cessando só para voltar e cair mais fundo.

Alguns tentam resolver a angústia, afogando as mágoas na bebida, nas drogas, excesso de trabalho ou comida, dedicação fanática a algum ideal.Outros buscam alento em medicamentos que neutralizam os sintomas, a terapia que traz alguma compreensão, buscando respostas no estudo da personalidade.

Concorrendo com a busca interna existem as pressões da vida, que tornam difícil não acreditar que não sejam os valores da própria pessoa, que confunde suas metas com aquilo que se espera dela.

Dentro de um contexto global, a depressão é um sintoma, cada vez mais comum de um cultura, de uma sociedade doente, Carl Jung dizia que se há algo de errado com a sociedade,com o indivíduo, então há algo de errado comigo,pois sendo um ser gregário ,o ser humano personifica microcosmicamente o que ocorre no macrocosmo, ou seja, a sociedade; e, para entender as causas e, possíveis saídas é preciso avaliar todo um contexto.

O colapso ecológico que vivemos é um exemplo do colapso em outros níveis e, para aceitar conviver com o “caos” acaba-se criando condições que causam o desequilíbrio emocional e psicológico das pessoas, fazendo com que se desviem de seus propósitos originais.

Aceitar não implica em concordância, “é preciso dançar conforme a música”, só que o que era provisório, vai ficando definitivo, o que era patologia vai incorporando aos valores “normais”, agarra-se a falsos valores como se fossem autênticos, por que já se dedicou tempo demais a eles, só que as recompensas vão se tornando vãs por lhes falta alma.

Em cada um de nós existem muitos personagens internos não expressos que com o tempo vão virando monstros.Os personagens como reis , rainhas, heróis que admiramos nos filmes, representam o nosso potencial para o sublime, mas ficam trancados por não nos acharmos merecedores, ou por não termos coragem de expressa-los, negando assim a coragem, a beleza e o poder de cada um.

Será que seu personagem favorito está sendo expresso?Às vezes nos contentamos com uma vivência superficial destes personagens quando nos identificamos com uma personagem de novela ou filme e vivemos por algum tempo suas proezas como se fossem nossas. Ou então buscamos num relacionamento as características deste personagem criando falsas expec tativas sobre uma pessoa que não vão se cumprir e que logo trarão uma amarga decepção e, quem sabe a depressão.

Ainda analisando-se a questão sob um enfoque macroscópico poder-se-ia dizer que a culpa seja das religiões patriarcais que colocaram aspecto material como antítese do espiritual, implicando em culpa, ou num materialismo sem alma como conseqüência, pois não seria possível seguir as duas coisas, criando uma espiritualidade de instrumental que existe para a realização de pedidos e solução de problemas ao invés de estabelecer uma conexão com os valores da alma e promover o desenvolvimento e a iluminação.

Aí pode-se perguntar,mas o que a depressão tem a ver com religião? A depressão tem sido tratada como se fosse assunto exclusivo da medicina e da psicologia, mas nenhuma desta duas áreas têem estofo para dizer o que são as dores da alma,afinal, alma não é algo concreto, visível que se possa avaliar em laboratório, na verdade, nem nós mesmo temos muita consciência dela exceto nos momentos de desânimo(sem alma) e, “desalmados” começamos a ter uma raiva auto dirigida por termos perdido algo tão valioso e por não sabermos localizar aonde perdemos, onde perdemos nossos valores, nosso senso de identidade , de sentido e propósito.só ficamos desalentados esperando alguma luz, alguma ajuda que muitas vezes não vem.

Tentar explicar a depressão com base em eventos recentes é tratá-la de forma superficial, pois ela aparece quando estamos desconectados com nossa alma e isto costuma ocorrer de forma gradual, com pequenas traiçõeszinhas aqui e ali de nossos ideais em troca de falsos valores, priorizando a busca da satisfação nas novidades do mercado ou se esquivando das oportunidades escondendo-se em sentimentos de incompetência e medo.

Assim, cercado de tanta possibilidade de felicidade instantânea o indivíduo é fisgado na euforia de expectativas vãs para ir se perdendo cada vez mais num emaranhado de tudo o que não é mais ele mesmo. Então a própria lago se encarrega de criar a crise para forçar uma busca no caminho de volta.

Da mesma forma como quando desejamos fazer algo e no meio do caminho esquecemos o que iríamos fazer, precisando refazer todo ele de volta, como que para acha o propósito que nos motivou, o mesmo se dá com a alma.

A psicologia poderia nos ajudar a reencontrar a alma se seu estudo pudesse abarcar este tema de caráter espiritual, mas este é um limite que ela não transpõe.

O senso de propósito não é algo que pertença a um nível mental, psicológico ou neurológico, têem relação com alma e, alma é assunto para as religiões e filosofias.

Na religiões xamânicas , o ser humano é visto como uma divindade em formação, seres com dons a serem desenvolvidos que se encaixam nas necessidades da grande engrenagem da sociedade humana, quanto mais eficiente o trabalho de cada peça, melhor e mais preciso o relógio.

Conhecer o seu propósito de alma e ter uma vida coerente é a verdadeira cura da depressão, curando por conseqüência, por ressonância a sociedade. O contrário também poderia ser verdadeiro, se uma sociedade conhece seu propósito, seus componentes também encontrariam os seus.

Embora seja um conceito simples é difícil de se colocar em prática , falta um contexto em que os valores espirituais ficassem em evidência no qual a pessoa que precisasse deles os tivesse disponíveis, nas culturas primordiais,as estrutura dos clãs facilitava isto grupos menores, mais coesos, com uma identidade grupal, cultural e religiosa comum e cada qual tendo um papel relevante e bem definido,ali a pessoa saberia a quem procurar e teria o respaldo dos outros para apóia-la.

Já na cultura do cada um por si, quem sofre a dor da alma, não enxerga seu problema como algo de interesse coletivo , começando por se isolar, aí cai na mão dos que propõem soluções mas na verdade têem interesse maior na continuação da doença, como fonte de renda, do que na cura, até que a pessoa encontre quem a ajude a encontrar um rumo, o problema pode já ter ficado bem maior.

A DEPRESSÃO NÃO É UM PROBLEMA QUE APARECE POR UMA CAUSA ESPECÍFICA, MAS POR MUITAS, seu ápice é o grito da alma pedindo socorro, seu início pode ter sido uma má educação na infância, sem limites, sem desafios, prêmios sem contrapartida, punições por valores errados, incentivo a superficialidade e consumismo, modismos, que vão sendo reforçados durante a vida e aparados por uma sociedade que venera estes valores, de modo que a pessoa nem percebe seu erro.

Ficando cada vez mais distantes do senso de identidade não expressamos nossos talentos ficando na mediocridade aí podemos nos refugiar nas drogas que tragam uma sensação de heroísmo, de grandeza para aplacar a frustração daí decorrente, os relacionamentos ficam banalizados sem vínculos fortes e tudo fica sem graça.

A depressão tem cura, refazer o caminho, buscar nossas conexões com o espírito, responsabilidade para consigo mesmo e de si para o seu papel na sociedade,compromisso com a verdade, retomar seu propósito, respeitar seu corpo, sua vida , seus ciclos, pois eles lhe sinalizam se está ou não no caminho certo, acreditar que o SAGRADO existe e você faz parte dele e se desintoxicar das novidades.

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